Uma decisão inusitada teve o Comercial, de Ribeirão Preto, como protagonista no fim de semana na Copa Paulista. O presidente do clube, Antônio Carlos Campanelli, ficou “p” da vida com o treinador do time e com dois jogadores e anunciou a demissão dos três na boca do túnel de acesso ao vestiário do estádio depois da partida. Fez isso antes mesmo de comunicar os profissionais tamanho era seu descontentamento com o empate por 3 a 3 diante do Barreto.
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Presidente mandar treinador embora e romper o contrato de alguns jogadores não é novidade no futebol brasileiro. O São Paulo acabou de fazer isso com James Rodríguez. Inusitado é fazer isso na mídia antes mesmo de comunicar os demissionários. Pior de tudo ainda é ouvir do presidente do clube o motivo da demissão. Campanelli foi de uma sinceridade incomum.
Os atletas mandados embora foram o meia Khawhan e o zagueiro Suéliton. “O Khawhan, que fez o gol de pênalti, deu dois gols para eles (os rivais). Ele prende demais a bola. Eu, quando jogava futebol, um cara desses, eu pisava no pescoço, então não dá. O outro é o Suéliton. Realmente chegou agora e não entrou no time. Completamente fora de forma, não dá. Tirei para servir de exemplo (para os outros)”, disse o presidente à Rádio CBN local.
O presidente do Comercial admitiu que estava nervoso com o resultado, mas em nenhum momento gritou ou falou em tom mais alto do que o normal. Não bastassem suas declarações, o dirigente fez ao vivo uma ameaça aos demais atletas. “Se empatar ou perder o próximo jogo, mando mais três embora.”
Campanelli não explicou a demissão do treinador Betinho. Deu a entender que não era para ele escalar os jogadores demitidos. “Algo me dizia que isso (o empate) ia acontecer, porque quando eu vi a escalação, fiquei de cabelo em pé. Comentei com o Ademir (Chiari, vice-presidente) e ele concordou comigo. Estou um pouco descontrolado. A gente lamenta porque eu gostava do Betinho”, disse o presidente.
Comercial revelou Emerson Leão
O Comercial sempre foi um clube de tradição no Estado de São Paulo, baseado na cidade de Ribeirão Preto, a 300 km da capital. Seu maior adversário é o Botafogo-SP. O clássico das duas equipes da mesma cidade tem o apelido de “Come Fogo”. O goleiro Emerson Leão, do Palmeiras e da seleção brasileira tricampeã da Copa de 1970, foi o jogador mais importante da história do Comercial. Ele começou no clube aos 14 anos. Atualmente, o Comercial passa por dificuldades financeira e esportiva, enquanto vê o Botafogo-SP na Série B do Brasileiro.