O Brasil vai voltar a sediar um evento esportivo mundial, a Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2027. A candidatura brasileira foi escolhida como sede da competição pelos 207 membros associados da Fifa, com 119 votos, no 74º Congresso da entidade, em Bangkok, na Tailândia. Vai ser a primeira vez que o país receberá a competição feminina, desbancando a candidatura conjunta de Bélgica, Alemanha e Holanda. Curiosamente, o Brasil dá o troco nesses rivais que bateram e eliminaram recentemente o time masculino das Copas. Em 2010, na África do Sul, a seleção de Dunga e Felipe Melo caiu diante da Holanda. Em 2014, foi a vez dos alemães: 7 a 1. E na Rússia, em 2018, os belgas mandaram a seleção de Tite e Neymar para casa mais cedo. Os candidatos não votam.

A escolha da Copa do Mundo no Brasil acontece no momento em que o futebol feminino está bastante maduro, com crescimento em todas as suas áreas, da formação de times e na organização de disputas de campeonatos nacionais e na América do Sul, no envolvimento dos torcedores e da imprensa, da aposta dos patrocinadores, do entendimento das federações e do fomento das bases.

O único “senão” é o fim de linha da grande Marta, a melhor do mundo por seis vezes e respeitada na categoria no mundo todo. Marta dificilmente vai conseguir esticar sua carreira na seleção brasileira até 2027, embora a decisão da Fifa possa ser um combustível para sua permanência. O Brasil sempre esticou ao máximo a vida dessas meninas dentro de campo porque não havia reposição. Isso não acontece mais. Há uma legião de jogadoras em atividade no país e muito mais sendo formadas nas bases. A Europa brilha na categoria, seguida de perto pelos Estados Unidos. O Brasil perdeu sua condição de um dos melhores do mundo e tenta se recolocar.

Marta é uma das mais entusiasmadas com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina em 2027 / CBF

Foi uma escolha natural! A Copa do Mundo Feminina da Fifa vai ser jogada no Brasil em 2027. E jogar uma Copa do Mundo em casa é o sonho de tantas meninas no Brasil. Por isso, eu quero agradecer a todos que fizeram parte dessa conquista. E vamos seguir juntas, construindo o futuro que o futebol de mulheres no Brasil, na América do Sul e no mundo merecem MARTA

Foi uma festa merecida dos representantes brasileiros no Congresso da Fifa na Tailândia. Uma conquista importante para o país. Emocionante. Nos bastidores, a CBF lutou muito por isso. Isso prova que a entidade não vai arredar pé de continuar apostando no futebol feminino. Há interesses dela e da Fifa. Interesses financeiros e esportivos. É ainda uma conquista social para o Brasil, de modo a gerar incentivos, emprego, turismo e aproximação de vários setores da sociedade já a partir de agora.

Mas sobretudo a decisão dará confiança às futuras atletas, as meninas que sempre sonharam em seguir carreira dentro de campo, nas quadras dos condomínios, no clube e sempre esbarraram em preconceitos. A escolha também joga por terra esse sentimento de que a mulher não pode nem deve jogar futebol. Isso é ponto encerrado no Brasil. Já era, mas a decisão reforça.

Arthur Elias será o treinador responsável por fazer do Brasil um time mais forte para a Copa do Mundo de 2027 / CBF

A Copa do Mundo Feminina também vai resgatar os estádios construídos para o Mundial de 2014. O Maracanã vai continuar sendo a vedete dos estádios, muito possivelmente para receber a grande final. Tomara que o Brasil não gaste muito dinheiro público para reorganizar as arenas. Isso seria um tiro no pé. Ajustes vão ser necessários. Muitos dos estádios estão em uso, alguns são privados, como a Neo Química Arena, do Corinthians, mas alguns precisam de reorganização. Tudo isso será trabalhado a partir de agora, com o envolvimento do governo Lula.

Veja os estádios que devem receber as partidas da Copa

Mineirão (Belo Horizonte)
Beira-Rio (Porto Alegre)
Mané Garrincha (Brasília)
Arena Pantanal (Cuiabá)
Arena da Amazônia (Manaus)
Arena Fonte Nova (Salvador)
Arena de Pernambuco (Recife)
Arena Castelão (Fortaleza)
Maracanã (Rio)
Neo Química Arena (São Paulo)

CBF poderia levar crianças de escolas públicas aos jogos

A seleção feminina tem a chance de dar ao povo brasileiro a primeira taça de uma Copa do Mundo disputada no país. As chances hoje não são grandes, mas nunca se sabe. No masculino, o Brasil fracassou nas duas Copas realizadas em casa, em 1950 e 2014.  Se pudesse ainda dar uma ideia, falaria para a CBF organizar a presença de escolas brasileiras em todas as partidas. Serão 32 seleções. De alguma forma, a entidade poderia selecionar alunos para levar aos estádios, escolas públicas e privadas, mas públicas do que privadas. A CBF poderia disponibilizar ônibus nas cidades-sedes nos dias de jogos para pegar os alunos nas próprias escolas. 50 crianças por escola, cinco ônibus por partida. Seria uma forma de incentivar essa meninada.