Incrível como o Corinthians não tem um dia de paz. Eis que agora, na véspera de mais um dérbi importante, tira-teima da final do Paulistão-25, o clube de Parque São Jorge está de novo envolto no turbilhão provocado pela guerra política que não se exauriu nas urnas. Há no ar dois novos ingredientes a alimentar a fogueira das vaidades que coloca os interesses extracampo acima da paixão pelo futebol corintiano.
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Nesse tabuleiro, os dois novos movimentos são de autoria da situação, liderada pelo presidente Augusto Melo. O dirigente tenta reverter uma condição criada pela oposição, logo após sua vitória no pleito que acabou com o reinado do grupo denominado “Renovação e Transparência”, ligado ao ex-presidente Andrés Sanchez.

O grupo de Augusto contra-ataca com uma denúncia de rombo no orçamento aprovado no último ano da gestão de Duílio Monteiro Alves e uma manobra de bastidores que determinou o afastamento temporário de Romeu Tuma Júnior da presidência do Conselho Deliberativo do clube.
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O CD é justamente o órgão que analisa o pedido de impeachment de Augusto Melo por conta de seu suposto envolvimento no caso mal explicado da comissão paga a terceiros no contrato de patrocínio com a VaideBet. Vejamos detalhes das duas novas bombas para tentar entender melhor o que elas representam e quais impactos podem trazer para o Corinthians a curto prazo.
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O afastamento de Romeu Tuma Júnior é temporário – logo ele tem direito a defesa. A medida foi determinada após análise de denúncias feitas pelo presidente Augusto Melo e pelo conselheiro Roberto Willian Miguel, o ‘Libanês’. A comissão votou por 3 votos a 1 pelo afastamento. Na votação, o conselheiro Roberson Medeiros, responsável pela comissão, se absteve por conflito de interesse, uma vez que o estatuto determina que ele assuma o comando do CD na ausência do presidente.

Qual é a acusação que paira sobre Tuma Júnior? Ele é acusado de comandar o Conselho de forma parcial e de prejudicar a imagem do Corinthians com declarações públicas que depõem contra a instituição. No entendimento da Comissão de Ética, os danos podem ser perpetuados se o dirigente se mantiver no cargo.
Manobras políticas
A defesa de Tuma alega que não existe previsão estatutária no clube para tal afastamento e que a punição liminar deveria ser feita pelo plenário do Conselho, não pela Comissão de Ética. Também alega ausência de justa causa para o pedido cautelar.
Em entrevista ao site Globo Esporte.com, Tuma Júnior disse que acha uma aberração que a denúncia tenha sido votada sem sua presença na reunião. “Estou abismado, mas não quero comentar antes de ter acesso a esta decisão”, disse o dirigente, que deve recorrer à Justiça Comum para tentar voltar ao cargo, a despeito do procedimento interno do clube.
O que está em jogo nessa pendenga é óbvio, uma vez que Tuma Júnior é a principal peça de condução do processo de impeachment movido contra Augusto Melo. Tirá-lo de cena neste momento é um artifício para esvaziar o processo em curso. A queda de braço entre eles é o reflexo direto da luta das forças políticas que dividem o clube há anos.

Nessa batalha, o único derrotado é o próprio clube, mais uma vez conturbado pelo embate dos cartolas que brigam pelo poder e nada mais.
Rombo de R$ 200 milhões
O segundo fato em foco também é consequência dessa encrenca. Segundo a atual gestão, a diretoria deparou-se com uma espécie de maquiagem no balanço financeiro de 2023, último ano da administração de Duílio. Conforme a denúncia apresentada esta semana, um malabarismo contábil escondeu rombo milionário de quantia não contabilizada que pode chegar a R$ 200 milhões.
Evidentemente, em sua defesa, a oposição argumenta que o fato não existe, e foi criado por mera motivação política. Até porque, as contas de 2023 foram aprovadas e periciadas por auditoria externa contratada para esse fim.
Tem dérbi no sábado
Preocupada com a partida contra seu maior rival, em Barueri, a Fiel torcida espera que tudo seja apurado da melhor forma possível. E que os culpados pelos desmandos sejam punidos. Tanto melhor se o desfecho dessas pendengas se der o mais rápido possível e significar um ponto final na guerra política que só traz prejuízos éticos, morais, financeiros e esportivos ao Corinthians.