Conforme anunciado nesta coluna na quinta-feira, o Corinthians perdeu seu contrato de R$ 370 milhões com a VaideBet. A marca do site de apostas esportivas rompeu seu acordo de três anos e deixou o time sem ter uma única explicação sobre o pagamento indevido de R$ 25,2 milhões a intermediadores desconhecidos da transação. O que era para durar três temporadas, durou cinco meses. A comissão para terceiros no contrato com a VaideBet não estava prevista. O clube ainda pode pagar multa de R$ 30 milhões, conforme prevê o contrato em uma de suas cláusulas. Já havia pago R$ 44 milhões para romper com a marca anterior.

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O presidente Augusto Melo não soube explicar o desvio do dinheiro em parcelas para as empresas arroladas na transação pós-assinatura do acordo. Há um “laranja” no meio de tudo isso, conforme informou o jornalista Juca Kfouri, do Uol. Por ora, não há responsáveis pela manobra financeira, tampouco se sabe quem está na ponta que liberou a verba nem quem está na outra ponta que começou a receber o dinheiro. Isso é muito sério dentro do Corinthians e do futebol brasileiro. Todo mundo sabe o que significa essa transação escusa e sem explicações.

Presidente do Corinthians, Augusto Melo, ainda não se explicou sobre a comissão paga a terceiros do acerto com a VaideBet / Agência Corinthians

A VaideBet pediu com muita antecedência explicações do caso depois de ver o seu nome no noticiário policial. Augusto Melo perdeu uma série de dirigentes que estavam com ele após as eleições por causa desse episódio. São oito ao todo. Ninguém quis ficar e todos saíram de fininho. A notícia do rompimento do acordo cai como uma bomba no Parque São Jorge uma semana depois de o presidente aceitar convite para a final da Champions League e dar de ombros para o problemão que tinha de resolver. Ele vinha falando que estava tudo bem.

A confirmação do rompimento do acordo acontece no mesmo dia em que o goleiro Carlos Miguel pode deixar a equipe com destino ao futebol inglês no fim do mês. Ele já avisou ao clube de sua saída. Também ocorre na semana em que a torcida Gaviões da Fiel divulga a possibilidade de os torcedores ajudarem o clube a pagar o estádio em Itaquera com arrecadação e ações com a Caixa, sem passar pela gestão corintiana.

Augusto Melo corre risco no comando do Corinthians

O Corinthians está na lama. Sua gestão em cinco meses é a pior dos últimos anos, mesmo com seu antecessor sendo péssimo. Augusto Melo corre o risco de ser colocado para fora do clube, numa manobra direcionada pelo Conselho Deliberativo e todos os seus conselheiros. Isso já está sendo tramado e não tem nada a ver com a oposição ou mesmo com a turma de Andrés Sanchez, que ficou no comando do clube na última década.

Veja a nota do Corinthians após o rompimento

O Sport Club Corinthians Paulista informa a descontinuidade do contrato de patrocínio máster com a VaideBet. Em decorrência das instabilidades recentes, provocadas por acusações que seguem em investigação, a empresa preferiu rescindir o acordo que havia firmado com o clube até o fim de 2026. O Corinthians lamenta que o parceiro comercial tenha encerrado o maior acordo de marketing esportivo do Brasil – do qual a empresa se beneficiou a ponto de sair de uma casa de apostas desconhecida para a segunda colocação no setor em apenas cinco meses – sem que houvesse nenhuma conclusão das investigações relacionadas ao intermediário da negociação. Vale ressaltar que o Corinthians é o maior interessado em resolver a questão citada. Por isso, não está medindo esforços para que os fatos sejam elucidados, seja por meios próprios, por terceiros ou na colaboração junto às autoridades.

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Trata-se de uma espécie de SOS Corinthians, que ainda precisa de apoio jurídico e brechas no estatuto para tirar o presidente do cargo. O clube perdeu seu patrocinador máster, a maioria dos seus dirigentes, seu maior ídolo no gol, o goleiro Cássio, que foi para o Cruzeiro, e pode perder nas próximas horas o reserva Carlos Miguel por 4 milhões de euros, valor de sua multa rescisória estipulada pela gestão anterior. O valor é uma brincadeira de mau gosto para um time do tamanho do Corinthians. Não há dinheiro para nada. Salários estão atrasados.

Cássio deixou o Corinthians e assinou com o Cruzeiro, abrindo caminho para o reserva Carlos Miguel, que também pode sair / Cruzeiro

A falta de habilidade para gerir o clube por parte do novo presidente é assustadora, o que só prova que não é qualquer um que pode ser eleito para o cargo. Futebol não é brincadeira. Tem muito dinheiro envolvido, muita tentação e requer muito jogo de cintura. Mexe com paixão e negócio. Melo herdou um clube falido, mas ele conseguiu piorar o cenário. Sua honestidade está sendo colocada em xeque. As investigações vão responder isso para o torcedor corintiano e também para os conselheiros do clube. O Corinthians é grande demais para se afundar nessa lama.

Oito dirigentes abandonaram o barco de Augusto Melo

Eram cinco diretores que pularam fora do barco pelos mais diversos motivos, mas que se pode resumir em um só: má gestão. Agora são oito. Ninguém quis se envolver nessa lama administrativa. Augusto Melo é o único responsável pelo que está acontecendo. Ele teve cinco meses para arrumar a casa e acabar com a “farra”, como disse depois de ser eleito. Mas o que se vê é que a farra só aumenta. Está perdido.

VaideBet rompe contrato de R$ 370 milhões com o Corinthians / Agência Corinthians

O distrato da VaideBet a uma instituição centenária é vergonhoso. A empresa joga a conduta do presidente corintiano na lata do lixo, questiona sua idoneidade e todo o seu trabalho. Não aceita continuar com um clube com esse comportamento. Entregar o clube ao Conselho Deliberativo por três meses para que novas eleições sejam feitas é um caminho que ganha forças. A renúncia de Augusto Melo será forçada a partir de agora.

Veja a nota oficial da VaideBet

A VaideBet informa que exerceu nesta sexta-feira (7) a rescisão do contrato de patrocínio com o Sport Club Corinthians Paulista. Desde o início de abril a marca acompanha e solicita esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas, tendo já realizado reuniões, comunicações formais e notificação extrajudicial. Diante das explicações apresentadas sem nenhuma resolutividade, a VaideBet lamentavelmente se vê obrigada a tomar tal atitude.

A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão – que foi exercida pela VaideBet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão.

A VaideBet lamenta pelo fim de uma parceria que deveria ter durado no mínimo três anos e agradece, pelo carinho e pelo respeito, à imensa e apaixonada torcida do Corinthians, que diariamente sustenta a história e os valores da instituição.

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