Vini Jr. não foi eleito o Bola de Ouro porque ele combate o racismo dentro de um continente que, segundo o próprio jogador brasileiro disso, “ainda não está pronto para isso”. O problema não é o atacante do Real Madrid ser preto e oriundo de um país sul-americano.
O problema é Vini Jr. levantar uma bandeira contra o racismo espanhol e europeu e não aceitar ser humilhado nos campos de futebol. Por ora, as agressões verbais e criminosas que sofreu dentro de campo aconteceram somente na Espanha, mas não me surpreenderia se elas começassem a pipocar em outros estádios da Europa em jogos da Champions League.
Vini Jr. ficou em segundo lugar numa temporada esportiva em que ele e o seu Real Madrid ganharam a LaLiga e a Champions League, além da Supercopa da Espanha. O brasileiro marcou 24 gols e deu nove assistências para gols, além de encher os olhos dos torcedores com suas arrancadas e jogadas ofensivas.
Rodri, o espanhol vencedor do Bola de Ouro, não pode pagar pela incoerência dos jornalistas que votaram seguindo o ranking das primeiras 100 nações da Fifa.
O Brasil esteve representado pelo narrador Cleber Machado. Rodrigo Hernández Cascante, ou apenas Rodri, é excelente jogador, mas sua melhor temporada no Manchester City não foi essa. Ele foi eleito o melhor jogador da Eurocopa, vencida de forma invicta pela Espanha.
Não se trata de choradeira de brasileiro que queria ver outro brasileiro no topo do mundo. Há duas semanas, o torcedor estava criticando Vini Jr. pelas suas más apresentações nos jogos da seleção, como fez durante a Copa América nos Estados Unidos.
Portanto, o brasileiro sabe aplaudir e criticar quando necessário. Não se trata de ser Vini Jr. Futebol Clube.
Quem acompanhou a cerimônia de premiação da Revista France Football e depois as manifestações nas redes sociais e nas reportagens pelo mundo pôde ver que a cobrança partiu de todos os cantos do planeta e de personalidades esportivas de peso.
O próprio Real Madrid comprou briga grande com a Uefa ao não mandar nenhum membro do clube para a festa, num boicote importante de um gigante da Europa. E olha que o clube espanhol foi eleito o melhor da temporada e Carlo Ancelotti, o melhor treinador. O palco ficou vazio, num constrangimento silencioso e incômodo.
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O bom de tudo, se é que há um lado positivo nisso, é ouvir do próprio Vini Jr. que ele não vai mudar em nada, vai continuar tremulando sua bandeira contra o racismo na Espanha e na Europa e não abre mão do seu jeito de jogar.
Talvez ele nunca seja eleito para nada no Velho Continente. Talvez as instituições esportivas repensem o formato de suas premiações. Talvez ainda, daqui a 50 anos, a Europa se ajoelhe e peça perdão pelos seus “pecados” do passado.