Antes de começar o jogo contra o Chile, em Santiago, a seleção brasileira estava atrás da Venezuela, que havia acabado de empatar com a Argentina, de Messi, pelas Eliminatórias. O Brasil ocupava a sétima colocação de uma tabela com dez. Com um minuto de bola rolando, o rival chileno abriu o marcador para delírio de sua torcida e desespero dos brasileiros. Dorival Júnior parecia não acreditar.

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Com a derrota parcial, todo o seu trabalho da semana e preleção já não serviam mais. Era preciso empatar e virar na marra. E foi exatamente isso o que aconteceu, com dois gols de dois atacantes do Botafogo, Igor Jesus e Luiz Henrique: 2 a 1. Para ser nostálgico, num país onde outro botafoguense ganhou uma Copa do Mundo “sozinho”: Garrincha, em 1962.

Dorival Júnior defende que só o trabalho, com mais tempo, vai mudar a qualidade da seleção brasileira / CBF

Com a vitória, o Brasil subiu o elevador na classificação e parou na quarta posição, com 13 pontos. Do ponto de vista da necessidade do time, missão cumprida. Do ponto de vista do futebol jogado, mais uma vez o Brasil não passou de um grupo esforçado, com a bola nos pés, domínio de jogo, mas desprovido de jogadas mais bem tramadas, tabelas e lançamentos.

Foi tudo muito apertado, justo, sem sobras. Gostei de Savinho, principalmente quando ele partia com a bola para dentro dos marcadores. Usou muito o drible para isso. Foi o único abridor de lata de uma defesa assustada e bem composta.

Nem digo que seus companheiros não se entregaram e deixaram muito suor em campo. Não é isso. Penso que o Brasil já passou dessa fase. Partimos do pressuposto de que todos os atletas estão lá para defender a seleção e eles fazem isso com o coração e a alma. O problema é fazer melhor, com mais técnica e menos divididas, com mais leveza e menos sofrimento, com mais aproximação e inteligência e menos acaso e sorte.

Ficar com a bola no meio de campo e na defesa não acrescenta nada. É um domínio, de 70%, que não se traduz em eficiência. Quantas chances o Brasil criou? Duas. As duas bolas do gol. Teve até boa intensidade.

Ocorre que o time nem sempre ataca de forma certa. Os jogadores não se conhecem, foi a impressão que tive, apesar da convivência de um mês na Copa América dos Estados Unidos. Houve muita bola espirrada e “quadrada” para os atacantes. Em alguns momentos, beirou o “Deus nos acuda”.

Seleção brasileira ganha do Chile por 2 a 1, pelas Eliminatórias, com gols de Igor Jesus e Luiz Henrique / CBF

Não digo que os caras sejam ruins. Digo que não jogam como time. Dorival acredita que o tempo vai mudar isso. Tempo e trabalho. Mas também esse discurso do Dorival não pode servir de desculpas para fracassos. Há de se comentar a fragilidade do Chile, que continua com apenas uma vitória nas Eliminatórias.

Para mim, o setor mais desajustado é o meio de campo, onde tudo deveria começar. Sou muito da opinião de que o meio de campo ganha jogo, arruma equipe e dá equilíbrio a qualquer time. O Brasil não tem jogador garantido nesse setor. André e Paquetá começaram e depois deram lugar para Bruno Guimarães e Gerson. Rodrygo fez o terceiro homem sem se distanciar do ataque.

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O gol do Chile pegou Danilo fora de marcação e o goleiro Ederson “frio”. Ambos falharam. O lateral-direito e capitão do Brasil só joga porque Dorival e o futebol brasileiro não encontram outro. Se aparecer alguém melhor, Danilo deixa o time. O gol, depois de algumas falhas de Alisson e agora de Ederson, me parece também sem dono.

Então, valeu pela vitória, pelos três pontos, mas há muito trabalho para ser feito na seleção. Não dá para comemorar nada. Na terça, o Brasil recebe o Peru no Mané Garrincha, em Brasília.

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