Algumas coisas precisam ser entendidas na vitória do Corinthians sobre o Fluminense por 3 a 0 na Neo Química Arena neste domingo, pelo Brasileirão. A maior delas é que o time de António Oliveira tem condições de jogar num nível de intensidade alto. Nem de longe a equipe paulista parecia aquele amontoado de jogadores tocando a bola de lado e em ritmo de música de ninar. O que se viu em Itaquera diante do rival carioca foi um Corinthians mordendo no campo do adversário, com marcação alta e intensa e correndo desesperadamente para recuperar a bola até os 90 minutos. Ora, então é possível jogar mais e melhor do que o time vinha mostrando.

O modo “risco total” do Fluminense na saída de bola propiciou isso. Os jogadores corintianos sabiam que a pressão poderia induzir ao erro dos rivais e, consequentemente, às roubadas de bola, como, de fato, aconteceu, inclusive em lance de gol. O Corinthians ainda peca na criação das jogadas quando tem a bola nos pés. Precisa de treino e de posicionamento para melhorar isso, e de um pouco mais de rapidez e deslocamentos. A intensidade pode ajudar nisso. Essa é a segunda lição da partida deste domingo.

Wesley e Cacá, autores dos gols do Corinthians sobre o Fluminense / Agência Corinthians

O drible voltou

É preciso ressaltar também o drible, esse fundamento esquecido no futebol brasileiro e resgatado com inteligência e talento pelo garoto Wesley. O atacante é um driblador nato e mostrou isso no gol em que deixou o volante Felipe Melo no chão, escorregando no gramado liso de Itaquera. Ele passou lotado quando Wesley deu o corte curto, dentro da área, de pura habilidade. Felipe Melo veio como um pitbull e saiu como um shih-tzu. Tomara não tirem essa característica de Wesley, a de partir para cima do marcador sem medo de errar, valendo-se de sua qualidade para mudar de direção com a bola nos pés e em velocidade. O drible é tão bonito quanto o gol no futebol.

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Aproveito para destacar ainda o sorriso largo no rosto desse menino, autor de dois gols, de 19 anos. Um garoto que parece brincar de jogar futebol mesmo sendo um profissional de um dos clubes mais importantes do Brasil. Tomara também que ele nunca perca isso. O futebol brasileiro carece de sorrisos e de gente feliz. Ele foi eleito na Globo o melhor do jogo com 91% da opinião de quem votou.

Cássio no banco

Há ainda uma outra situação que é preciso ressaltar dessa partida, a defesa que o treinador António Oliveira fez de Cássio. O goleiro ficou no banco e “esfriou” a cabeça após cobranças e desabafos de desgaste e erros. Cássio vinha falhando, o que não quer dizer que ele seja culpado ou inocente em relação ao jogo diante do Fluminense. Não foi pela sua ausência em campo que o Corinthians jogou melhor ou pior e ganhou e não sofreu gols. Há uma série de situações que explicam vitórias e derrotas e Cássio, neste domingo, não é uma delas. Ele chegou a ser aplaudido e agradeceu ao carinho após a partida.

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Por fim, é preciso saber e entender que os 90 minutos diante do Fluminense não representam uma guinada na condição do Corinthians na temporada. É preciso olhar e tomar lições do jogo, mas ter em perspectiva que foi apenas um jogo bom depois de quatro rodadas sem ganhar no ano. O time não havia sequer marcado gols no Brasileirão. A sequência do trabalho vai determinar em qual condição está o elenco de António Oliveira. O que quero dizer é que é preciso esperar pelos próximos jogos para saber se o time subiu alguns degraus.

Felipe Melo fez um papelão contra Breno Bidon

Para não deixar passar, quero apontar uma covardia de Felipe Melo contra Breno Bidon. O experiente volante foi o que ele é: um atleta sem índole e dono de uma fama ruim na carreira. Ele acertou o garoto numa passagem sem bola na comemoração do gol de Wesley. O juiz deixou passar, assim como o VAR. Felipe Melo está perto de sua aposentadoria sem nunca ter entendido o que é futebol, de fato. Breno Bidon é um garoto de 19 anos construindo sua carreira. Foi, acima de tudo, um papelão de Felipe Melo.

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